quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

De bairros, uma vivência

Uma flor tem o seguinte ciclo de vida: ela nasce, se desenvolve, germina e morre. Assim me sinto. Com anos a mais de existência passo pelo mesmo processo, porém, a cada uma dessas etapas estou num bairro diferente.

Nasci em 91 na Zona Norte de São Paulo, na região do Tucuruvi, lá estão meus familiares, lá está minha história e minha infância. O bairro se chama Vila Gustavo e por lá há o comércio próximo, a feira a 20 passos da casa que cresci, ou como costumamos chamar, a casa da vó Gênia. A escola, de boa qualidade que estudei, era vizinha. Tinha o mercadinho que ainda se chamava Túlia e a perfumaria que ainda vou sempre que por lá estou.

Era tudo muito perto, muito fraternal e eu me acostumei até os nove anos de idade. Até que meus pais decidiram mudar para a Zona Oeste, Raposo Tavares. Minha rua só tinha casas de um lado, no outro havia um terreno com muitas árvores. Não se via muitas pessoas passando por lá. O mercado era e ainda é longe, a feira, farmácia, perfumaria estão perto de Osasco, o que me faz andar uns trinta minutos para chegar ou então, tomar uma condução.

Pra mim, aquele lugar era o fim do mundo. Mas cresci ali. E foi ali que aprendi a tomar ônibus para ir à escola, foi ali que conheci todos os transportes para me locomover e comecei a me sentir segura, peguei afeto pelo meu bairro – mesmo não participando das questões sociais dele com assiduidade.

Agora, em fevereiro de 2011, completo meus 20 anos e novamente me desloco. Volto para a Zona Norte, mas para Tremembé, próximo à Cantareira. E agora? Já havia me acostumado com tudo da Raposo Tavares, o trânsito constante, as centenas de carros que vejo todos os dias e até mesmo a poluição.

Mas no bairro que vou morar é tudo novo. Ele está sendo construído aos poucos, algumas ruas ainda estão sendo asfaltadas, o esgoto foi feito recentemente, as casas estão sendo construídas aos pouco, de acordo com a situação de cada morador. Nada sei sobre lá, mas sempre que apareço para ver o andamento da construção da minha casa uma sensação forte me bate: o calor das pessoas. Todos são engajados. Como o bairro é pequeno, a solução é criar seu próprio negócio. Em cada rua tem uma vendinha, um mercadinho, as pessoas estão fazendo o bairro acontecer. O que eu não via neste bairro da Raposo Tavares.

Parece que a cada fase da minha vida estou em um lugar. E cada lugar tem algo que me toca. Seja a casa da vó, a Raposo Tavares ou Tremembé, a questão é que esses bairros conversam comigo, me ensinam e me pedem para eu nunca esquecê-los.

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