A prática de ser o dono de si próprio, escolher os meios pelos quais adquirir sua sobrevivência começa, nessas crianças, nas ruas, sem muitas vezes o apoio familiar.
Pode ser belo vê-los se banhar nos chafarizes da cidade, livres de qualquer pudor que crianças habitadas em lares de família recebem. A liberdade de transitarem pelas ruas em qualquer hora do dia e dormirem onde quiserem, sem rumo e sem hora para voltar, voltar para um lugar que, na verdade, nunca fora seu, são características dessas crianças de rua.
O mais espantoso é perceber que todos os veem, os observam e sabem de suas existências, mas ninguém toma a iniciativa de mudar essa realidade aterrorizante que faz pano de fundo da sociedade brasileira, e no cenário dos países de terceiro mundo. A liberdade é expressa nos olhos de cada um que na rua vive. O olhar que pede a mão, consolo, amor, alimento, roupa limpa e uma educação digna.
Ser preso num sistema capitalista, que a base é o lucro e cada um por si tem o dom de transformar uma criança que tem o direito de brincar, estudar, ter carinho em seres invisíveis para os olhos governamentais e temidos pelos olhos da sociedade. Transformam os em crianças adultas que brincam de matar ou morrer para sobreviver. A liberdade deles está, mais do que nunca, presa ao sentimento de abando e na esperança, de quem sabe um dia, um futuro melhor.
Jessica Gonçalves
Indicação de leitura: Capitães de Areia - Jorge Amado
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