segunda-feira, 14 de julho de 2008

O sonho

Há sonhos que são simplesmente sonhos!

A história começa a partir de um simples sonho de ser jogador de futebol. Obviamente o Ronaldo “o fenômeno” enfrentou grandes obstáculos em sua longa empreitada profissional para chegar à copa do mundo.

Dinheiro, fama, marketing, são frutos de cobiça e desejo por maior parte da população juvenil masculina, mas quantos desses milhões de jovens têm a oportunidade de brilhar nos campos Europeus?

Certamente têm pelo o menos a chance de jogar num campo de barro na periferia de onde vivem com seus amigos, e conseguem prestígio na escola e ou numa escolinha de futebol, porém nem sempre seu futuro será marcado com um troféu na estante da copa do mundo, no máximo uma medalha de lata estará perdida em uma das gavetas da casa onde mora.

Marcos Vinícius da Silva Correa, 20, teve esse sonho, mas ele foi interrompido pelo o pesadelo de ter sua perna esquerda mais fina do que a direita e, isso porque ainda na barriga de sua mãe teve sua perna enroscada no cordão umbilical.

Afetado pelo destino, sua perna ficou engessada por durante dois anos causando o afinamento desta, e o que mais a vida lhe deixou foi sua criação com uma outra família que o adotou pelo fato de seus pais biológicos não terem condições de pagar ao tratamento.

Adotado aos onze meses de idade, Marcos foi criado por uma família que lhe ajudou no tratamento, lhe criou e lhe proporcionaram tudo o que uma criança precisa, amor, carinho, afeto, alimento e moradia. Assim, essa criança cresceu e criou para si uma identidade no qual se baseia no “cara” que vive de aparências, onde as roupas, os sapatos têm muitos valores, que as pistas de dança e mulheres bonitas são as coisas mais importantes e, nunca se deixa vencer, sempre querendo ser o alvo das atenções (e, muitas vezes consegue).

Com esses pensamentos, Marcos deixou para trás tudo o que lhe cabia de verdadeiro: sua identidade, sua gratidão pela família adotiva, estudos e o grande amor de sua vida. As noites eram o cenário para sua estrela se acender, dançar, beijar e fazer sucesso com as garotas o excitava e o fazia ir ao delírio, porém, quando a noite acabava e o nascer do sol se acentuava, essa estrela se escondia na amargura da solidão, no temor de uma vida sem sentido.

Mas quem se importa com a história de um garoto negro que cresceu numa família de brancos, que teve o sonho de ser jogador de futebol acabado pela tragédia da vida? E o que mais o realiza é estar nas quadras jogando, ouvir seu nome sendo gritado e chamado pela torcida, mas o que com certeza se passa na cabeça desse garoto é que jamais ouvirá seu nome sendo vibrado em outra circunstância na história do bom futebol brasileiro.

Atualmente, ele trabalha para a NET no metrô da Sé, luta para que no próximo ano consiga reabrir a matrícula da faculdade, no curso de propaganda e marketing e tenta reconquistar cada tempo perdido na sua vida como o prestígio de sua família e apagar a má impressão que deixou nas pessoas que o cercam. E teve que se contentar com esse destino, engolindo a seco seu grande sonho de ser jogador de futebol.

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